segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sou filhinha de papai

*** Transferindo o post que foi publicado originalmente no blog lentecolorida.blogspot.com.br

Faltando poucos dias para o final das eleições deste ano, não tem como não ficar indignada com certos "sermões". Em especial hoje, de um certo ex-presidente ao fazer campanha para seu candidato à reeleição, quando incita o ódio. O ódio para pessoas que querendo ou não, nasceram em uma boa condição financeira, incitando o ódio contra "filhinhos de papai".

Oras, o mundo é cheio de diversidades. Filhinhos de papai ou não, o caráter da pessoa é o que deve contar.
Se nasci em um berço (não de ouro) mas com uma estabilidade financeira, não acho que seja o meu dever renegar tudo e pregar que só quem nasce pobre e cresce é quem vale. Ainda mais por motivos eleitoreiros e mesquinhamente políticos, no mais sórdido significado da palavra.

Não vamos confundir política com religião ou time de futebol. É isto que vejo cada vez mais em todos os tipos de expressões, principalmente nas redes sociais. Sinceramente, ninguém me representa. ninguém mesmo. Porque se meus pais tem boas condições de vida, não tenho o direito de ter um financiamento sequer do governo.

Sou filhinha de papai, e de mamãe. Meus pais me ensinaram a ter caráter e respeito pelos outros. Respeito é o que eu menos vejo em tempos de campanhas eleitorais, respeito ao indivíduo, à inteligência e ao português. Sim, a nossa língua-madre está morrendo aos poucos, e a todos parece normal pois sequer se dão conta disto.

Sou filhinha de papai porque procuro fazer tudo conforme as regras, por mais estapafúrdias e pouco coerentes que sejam. Não furo fila, não sonego imposto. Nem simularia uma deficiência física para tirar proveito e me aposentar muito antes do tempo.

Como trabalhadora autônoma - sem renda comprovada ou estável - não tenho direito a nenhum tipo de financiamento. Afinal, não sou pobre, não sou miserável, não sou empregada com direitos trabalhistas protecionistas. Até poderia tentar algum, contando com a vantagem de ser "filhinha de papai". Mas como posso conseguir um financiamento se nem a minha renda era estável? Tenho cérebro e calculo meus atos para não me endividar.
Não querendo ter que sonegar, omitir rendas recebidas pelo meu trabalho - tão árduo, tão estudado e tão querido - abri uma empresa. Porém para isto, muitos custos que seriam evitáveis (era só sonegar), são pagos. Honestamente. Com muito suor e muita preocupação em fazer bem feito o meu trabalho.

Sou filhinha de papai e tenho muito orgulho disto. Por isto, ao escutar um discurso que incita o ódio e repúdio por gente como eu, não posso ficar calada ou aceitar e votar no respectivo candidato. É uma afronta, a mim como pessoa, ao meu esforço pessoal e profissional para dar conta de pagar todas as contas no final do mês e manter minha cabeça erguida dignamente.

E o que este cidadão, ex-presidente, e seu candidato - conforme dizem - estão querendo é promover maior riqueza aos pobres.

Atitude digna, diria essencial a um político em um país como o Brasil. Não é exclusividade de um partido ou outro, ou melhor, acredito que não possa ser exclusividade de um partido ou de outro querer o bem comum, o bem estar das pessoas e o crescimento econômico.

Porém ao promover este crescimento econômico, isto quer dizer que a próxima geração será toda composta por "filhinhos de papais". E aí me pergunto: serão filhinhos de papais que não se olharão no espelho para ver que são tais, e continuarão pregando e incitando este ódio?

Antes de mais nada, o Brasil necessita de EDUCAÇÃO e CULTURA. Somente desta forma, o crescimento econômico será duradouro, pois uma população com conhecimento da sua força e da sua História terá condições de olhar para o futuro, reconhecendo os méritos e os erros do passado para crescer ainda mais.

SOU FILHINHA DE PAPAI SIM!

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